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LIRA, José Tavares Correia de. Naufrágio - Porto Seguro turismo urbano e experiência etnográfica em Mário Andrade e Gilberto Freyre. In: SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO, 8., 2004, Niterói. Anais... Niterói: ARQ.URB/UFF, 2004.
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Dados do autor na base InfoHab:
Número de Trabalhos: 11 (Nenhum com arquivo PDF disponível)
Citações: 1
Índice h: 1  
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Resumo

Na literatura de viagem, dois gêneros tradicionais se destacam: o diário e o guia de turismo. E dois personagens, freqüentemente também os seus autores, o viajante e o cicerone: a figura do deslocamento e do estranhamento por excelência; e o outro, que existe para o forasteiro, que lhe indica o importante e o singular na terra alheia: O objetivo deste trabalho é compreender o lugar específico das cidades como campo etnográfico na experiência da viagem. Dito de outra forma proponho repensar a distância entre Mário de Andrade e Gilberto Freyre, figuras centrais para a formação de um campo etnográfico no Brasil, na operação de seus pontos de vista cosmopolitas, formados ao longo da década de 1920, o modernismo paulistano e a antropologia cultural, ao se confrontarem entre suas representações da cidade como lugar da cultura. Trata-se de encenar um encontro entre estas personalidades diversas, ás vezes antagônicas, em um topos comum e acesso á cultura brasileira: as cidades do Norte e do Nordeste do Brasil surpreendidas ripa crise do regime agroexportador e patriarcal, com seus resíduos de paisagem e caráter, povo e modos de vida, memória e forma urbana, arquitetura, arte e folclore. A base de leitura são os diários e crônicas redigidos pelo escritor modernista ao longo de suas duas longas viagens etnográficas á Amazônia (1927) e ao Nordeste (1928129); e o Guia Prático, Histórico e Sentimental ria Cidade do Recife (1934), do antropólogo pernambucano. Se a opção por estes escritos -- menores no conjunto de suas obras, é verdade, porém sólidas posições na literatura de viagens - instiga o turista e o cicerone a uma relação de proximidade, neles é possível flagrar, ao lado da viagem prazerosa, uma dimensão exploratória, de experiência etnográfica, peculiar à sociedade moderna. A leitura focaliza três aspectos: as concepções de viagem que supõem, envolvendo a partida e a chegada, os papéis assumidos pelo viajante e pelo cicerone em suas figurações várias e recíprocas; os itinerários cumpridos e sugeridos por ambos nas cidades visitadas, as coisas vistas e as impressões mais fortes; as estratégias de localização do outro, de afirmação e transformação do lugar do observador e do campo de observação, as impressões e caracterizações que propõem acerca das cidades que percorrem ou auxiliam no percurso.
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