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ACSELRAD, Henri. Desregulamentação, contradições espaciais e sustentabilidade urbana. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 11., 2005, Salvador. Anais... Salvador: ANPUR, 2005.
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Dados do autor na base InfoHab:
Número de Trabalhos: 8 (Nenhum com arquivo PDF disponível)
Citações: 1
Índice h: 1  
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Resumo

Na última década explodiram os discursos negativistas sobre a cidade: cidades em crise, sede da criminalidade, violência, degradação paisagística e ambiental, etc. Disseminaram-se também, em paralelo, discursos sobre mudanças no quadro urbano da ação - emergem novos modelos de política urbana, a cidade é vista como ator e ao mesmo tempo objeto de uma ação estratégica, de uma gestão de corte empresarial, voltada para a atração de investimentos numa competição interurbana. O urbano ganha assim "um novo cenário de enunciação": ante o que alguns entendem por crise identitária das cidades, são acionadas "tecnologias do espírito" voltadas para uma recomposição das subjetividades urbanas. A cidade é redescoberta como espaço de "ação dramática", onde as "best practices" propugnadas pelas agências multilaterais constituem um enredo para a mobilização apaixonada dos cidadãos (com os "indicadores de sustentabilidade urbana" servindo a orientar metaforicamente a marcação dos movimentos dos atores no palco deste drama). A identidade das cidades torna-se cada vez mais um instrumento de legitimação dos operadores políticos que pretendem resgatá-Ia não mais como circunscrita a seu tempo presente, mas como referente a um passado de glória e a um futuro radioso. Para alguns, estaria em curso "uma mudança na natureza da identidade simbólica das cidades, marcada pela competição crescente entre lugares e pela maior importância que a representação estaria assumindo em relação ao próprio objeto que representa". Suporemos aqui, ao contrário, que entre o jogo das representações e a reconfiguração prática do próprio objeto não há uma hierarquia de importância. Tentaremos, no presente trabalho, entender a natureza das relações que hoje podem explicar, ao mesmo tempo, o sentido da reconstrução simbólica da identidade das cidades - movimento que compreende a proposta de "cidades sustentáveis"-, e os processos sociais e materiais - marcados fortemente por processos de desregulamentação e redesenho da esfera política - que lhe estão subjacentes.
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