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sánchez, Fernanda. A (in)sustentabilidade das cidades-vitrine. A (in)sustentabilidade das cidades-vitrine. In Rio de Janeiro,2001. p.155-176
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Número de Trabalhos: 5 (Com arquivo PDF disponíveis: 2)
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Resumo

O capitalismo, em sua fase atual, se realiza produzindo um novo espaço, pressionado pelas novas exigências da acumulação, impulsionado por lógicas e estratégias à escala mundial. As demandas que o capital coloca frente às cidades já não são apenas as da produção mas também as referentes à informação e à comunicação. Este processo de produção do espaço social é simultaneamente objetivo e subjetivo. Como parte da nova racionalidade do capitalismo, com o fim de potencializar a eficiência econômica, são introduzidas formas modernas de dominação e técnicas de manipulação cultural (BOURDIEU, 1998; SANTOS, 2000). Assim, o espaço toma forma se apresentando e representando, produzindo discursos e imagens adequadas, evidenciando a importância que vem adquirindo o city marketing como instrumento das políticas urbanas. Como escreveu Mattelart (1995), se os discursos messiânicos do progresso vincularam-se ao surgimento das máquinas de vapor e de eletricidade no século XIX, hoje os discursos e políticas de "alternativas para a crise" estão vinculados a promessas .que provêm do manejo das altas tecnologias e da informação. Assim, o discurso dos atores hegemônicos que possibilita a realização dos imperativos do capitalismo atual tende a instaurar um pensamento único. Trata-se de um discurso ideológico que, em sua vertente urbana, configura políticas de promoção e legitimação de certos projetos de cidade tornados emblemáticos da época presente. Sua imagem publicitária são as chamadas "cidades-modelo". Seus pontos de irradiação coincidem com as instâncias políticas de produção de discursos: governos locais em associação com as mídias; instituições supranacionais, como o Banco Mundial, o BID ou as Nações Unidas. É por intermédio dessas instâncias e atores dominantes que os discursos se dão como "inteligência global" (SANTOS, 2000: 100), exercida com base em um conjunto de parâmetros arbitrários que medem, avaliam e classificam cada projeto de modernização urbana com pretensões de inserção global. Às relações de força entre os atores que orientam as escolhas econômicas são acrescidas as relações de força propriamente simbólicas capazes de disputar a construção e difusão de "discursos fortes" (GOFFMAN, apud BOURDIEU, 1998: 136) junto a imagens fortes, frutos dos arranjos de poder capazes de produzi-los. Entretanto, se a tendência à instauração do pensamento único dificulta sobremaneira a afirmação do pensamento crítico, o esforço de reflexão acerca do papel das imagens hegemônicas tem o desafio de romper a aparente unanimidade que constitui o essencial da força simbólica do discurso dominante, fazendo valer novas leituras, novas interpretações, novos cenários para o futuro.
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